As principais centrais sindicais do país promovem grande ato público contra a Reforma da Previdência nesta quarta-feira em todo o país. Sindicatos ligados à CUT (Central Única dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil) e NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores) prometem fazer uma grande manifestação para sensibilizar os deputados federais e senadores goianos a votarem contra a Reforma da Previdência
Em Goiânia, às 9h, educadores das redes estadual e municipal de ensino promovem paralização em frente a Assembleia Legislativa, de onde saem em passeata e se reúnem  às 10 horas, na Praça Cívica para ato unificado com outras categorias.
Diretor da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), Mauro Zica Júnior diz que a Reforma da Previdência é a volta da escravidão. “Na época do Império foi aprovada a Lei do Sexagenário, tornando livres os escravos com mais de sessenta anos. Ocorre que pouquíssimos chegavam aos sessenta. Na sua insensibilidade social, o governo de Michel Temer (PMDB) quer que os brasileiros se aposentem somente após os 65 anos, mas a média de vida do brasileiro é de 64 anos, portanto, o povo vai morrer e não vai se aposentar, assim como os escravos morriam sem se tornarem livres”, compara.
De acordo com Bia de Lima, presidenta do Sintego (Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado de Goiás), os professores fazem paralização neste dia 15 de março contra o projeto de mudança na aposentadoria, e também contra o pacote de ajuste fiscal enviado pelo governo do Estado à Assembleia Legislativa. “O governo propõe que fiquemos dez anos sem reajuste de salários, além de retirar vários direitos há muito tempo conquistados como o Piso Nacional da Educação e a Data Base dos servidores administrativos. Isto não podemos aceitar”, frisa. Segundo Bia, os profissionais da rede educação de Goiás decidiram por unanimidade aderir a greve por tempo indeterminado, enquanto os educadores da rede municipal optaram por paralisar neste 15 de março.
Forum
O Fórum Goiano Contra a Reforma da Previdência entregou ao deputado Federal Daniel Vilela (PMDB), documento pedindo que  projeto do governo Temer seja rejeitado. Daniel Vilela é relator do Projeto de Reforma da Previdência (PEC 287) . A reunião que aconteceu no auditório CUT-GO e reuniu os principais sindicatos do Estado.
A vice-presidenta da CUT, Ieda Leal, demonstrou a preocupação da categoria com o aumento da idade mínima para aposentadoria, e principalmente o fim da aposentadoria especial para professores.
Presidente da CTB-GO, a professor Ailma Maria ressaltou que a reforma é machista e misógina, pois penaliza as mulheres com o aumento da idade mínima, desconsiderando a dupla jornada de trabalho a qual as mulheres estão submetidas.
Segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado de Goiás, Alair Luiz dos Santos, a PEC 287 é injusta com os trabalhadores rurais. ““Hoje uma mulher da roça se aposenta com 55 anos e um homem com 60. O que o governo propõe é igualar todos a uma só idade, 65 anos. Imagina o trabalhador rural ter que trabalhar mais de 50 anos para poder se aposentar? Por outro lado, o governo vem também com essa conversa de que trabalhador rural não contribui. Ele contribui toda vez que comercializa o que produz. (A PEC 287) vem realmente com o objetivo de acabar com a previdência rural”, denuncia.
O Fórum Goiano Contra a Reforma da Previdência e Reforma Trabalhista é composto pelas seguintes entidades: CUT, CTB, CSP, CONLUTAS, INTERSINDICAL, FITRAE, Sintego, SindSaúde, SindPúblico, SindJustiça, Sinpro, Adufg, ANDES, Sintef-GO, SintFesp GO/TO, SintSep e  Sinjufego
Vamos ver se a Previdência é realmente deficitária:
Considerando um salário mínimo anterior  de R$ 880,00, temos uma contribuição ao INSS de R$ 176,00 (patronal e empregado)
A aposentadoria Integral por contribuição de  35 anos de contribuição corresponde a 420 meses de contribuição.
Pegando a contribuição mensal de R$ 176,00 e aplicando-se o rendimento da poupança de 0,68% chega-se ao total de R$ 422.784,02, que é o valor que o trabalhador depositou para a Previdência em 35 anos.
Pela lei atual os brasileiros se aposentam aos 60 anos. Com a reforma, idade mínima passa a ser 65 anos. Assim, se o cidadão viver, por exemplo, até os 75 anos que é a  expectativa de vida da população, Ele  receberá a aposentadoria por apenas 10 anos. Porém, o montante acumulado é suficiente para pagar 40 anos e 3 meses de salário equivalente à contribuição, ou seja, segundo o cálculo feito 880,00 mensal, sem contar rendimentos.
 O trabalhador receberá de volta do governo R$ 158.400,00 no total, ou seja, 37,5% daquilo que lhe foi tomado pelo governo.
Agora aumentando para 49 anos o trabalhador acumulará R$ 1.365.846,02 e receberá menos, pois terá mais tempo de contribuição e menos de gozo da aposentadoria.
Esses cálculos foram feitos pelo cientista político Itamar Portiolli de Oliveira, professor da Universidade de São Carlos e Especialista em Administração Pública pela Unicamp.